Nos últimos tempos, o mercado automotivo tem sofrido drasticamente os efeitos da severa crise econômica e política que atinge o Brasil. Como todos nós temos acompanhado, as vendas e a produção de veículos estão em queda e os estoques ainda continuam elevados. Diante desse cenário, surgem as questões: Será que já atingimos o fundo do poço? Será que 2017 pode ser o ano da virada? Quando voltará o crescimento?
Para discutir esses pontos e analisar possíveis alternativas, recentemente foi realizado em São Paulo o importante evento “Workshop Planejamento Automotivo 2017“, promovido pelo Automotive Business (especializado em negócios e relacionamento na indústria automotiva). As palestras foram ministradas por notáveis nomes do setor, e ocorreram painéis de debates com a presença de dirigentes responsáveis por diversas áreas nas grandes marcas.
Em resumo, as principais expectativas apontam no sentido de que estamos nas proximidades dos patamares mais baixos de vendas e produção, que tendem a se estabilizar no curto prazo. A partir de 2017, é projetado um tímido início da retomada, que tende a crescer de forma lenta e gradual nos próximos anos.
Para que esse cenário se concretize, espera-se que haja definições na política (especialmente em relação ao mandato presidencial). Além disso, será necessária a confirmação do otimismo quanto às medidas da equipe econômica, principalmente voltadas ao controle da inflação, limitação de gastos governamentais e redução dos juros.
Adicionalmente, começa a ser observada uma reversão na tendência de queda da confiança por parte de empresários e consumidores. Mas é importante que também haja uma interrupção do aumento do desemprego e da queda da renda dos consumidores.
Foto de 123RF.com, autor Elnur Amikishiyev
Analisando o panorama completo, o consenso é de que todas as possíveis melhoras deverão ocorrer bem lentamente. Para ilustrar, existem expectativas de que os níveis recordes de vendas, ocorridos em anos passados, somente poderão ser atingidos novamente entre os anos de 2023 a 2025. Dessa forma, fica clara a extensão da crise e como ela tende a trazer impactos por muito tempo ainda.
Em relação aos carros em si, observa-se que têm havido importantes mudanças no comportamento dos consumidores, especialmente comprando menos veículos das tradicionais “4 marcas grandes” (GM, Volkswagen, Fiat e Ford). Por isso, outras fabricantes têm avançado, como Hyundai, Toyota e Honda e é bastante provável que esse movimento continue.
Outro aspecto é o de que ainda deverá ocorrer uma migração das compras entre os segmentos, sendo que os principais beneficiários deverão ser os SUVs (principalmente compactos) e as picapes, que estão com muitas novidades.
Adicionalmente, também espera-se uma melhora nas exportações se o câmbio permanecer favorável e houver novos acordos comerciais do Brasil com novos parceiros. Também houve comentários sugerindo que as fabricantes também tenham mais criatividade nas formas de superação da crise (não apenas aumentando preços). Por exemplo, investimentos em inovação e elevação da produtividade seriam bem-vindos nesse sentido.
Para ilustrar as visões sobre o mercado automotivo apresentadas no ótimo evento do Automotive Business, veja a seguir três entrevistas realizadas pela equipe do site durante o Workshop. Na primeira, acompanhe as opiniões de Vitor Klizas (Presidente da Jato Dynamics). Na segunda matéria, as análises são da Letícia Costa (Sócia-Diretora da Prada Assessoria). A terceira matéria, com foco na economia, é do Octavio de Barros, Economista-Chefe do Bradesco.
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